segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Carteiros em greve participam da Marcha Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras


por Rodrigo Barrenechea, da secretaria de comunicação do PSTU São Gonçalo

  Os funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos estão em greve desde o
Fotos: Romerito Pontes
dia 15 de setembro por melhores salários e condições de trabalho. O PSTU São Gonçalo conversou com Julio Cesar de Souza Junior, o "Julio Negão", carteiro e delegado sindical do CDD Sao Gonçalo, sobre a greve dos Correios e a participação da categoria na Marcha dos Trabalhadores, convocada pela CSP-Conlutas e por dezenas de outras entidades.

 -  Julio, quando começou a greve dos Correios? E qual o índice de adesão?

 - Decisão da maioria dos trabalhadores em assembleias realizadas na noite desta terça-feira, dia 15, deu inicio a greve dos trabalhadores dos Correios. Os trabalhadores decretaram greve na noite de terça-feira (15) em diversos estados e cidades do país, que são representados por sindicatos locais e regionais. Segundo os Correios, 19 sindicatos decretaram greve: Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Tocantins, Brasília (DF), região metropolitana de Belo Horizonte, região metropolitana de Porto Alegre, região metropolitana de São Paulo, Bauru (SP), Campinas (SP), São José do Rio Preto (SP), Vale do Paraíba (SP).
De acordo com os Correios, 17 sindicatos não deflagraram paralisação: Acre, Pernambuco, Roraima, Goiás, Alagoas, Amapá, Paraná, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Sergipe, Santa Maria (RS), Uberaba (MG), Juiz de Fora (MG), Ribeirão Preto (SP) e Santos (SP).
Na noite do dia 15 de setembro de 2015, dos 36 sindicatos dos Correios no país, 17 decidiram não deflagrar paralisação, sendo que 16 aceitaram a proposta do TST. Não houve, portanto, maioria suficiente para a assinatura de acordo”, explicou a empresa, em nota.
No principal centro de distribuição de cartas e encomendas no Rio, em Benfica, houve piquete de grevistas na parte da manhã. Eles queriam impedir a saída dos caminhões de entrega, principalmente os que levavam Sedex, mas os veículos conseguiram sair com a chegada da polícia.
Segundo o diretor da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios (Fentect) Emerson Marinho, a greve conta com adesão de 50% dos funcionários e afetou cerca de 70% das entregas. Muitos dos funcionários que trabalharam, segundo ele, são terceirizados.

 - Qual é a pauta de reivindicações? E a empresa, está disposta a negociar?

 - Entre as principais reivindicações dos trabalhadores, estão a reposição da inflação mais um aumento de 10% de ganho real, a manutenção das condições do plano de saúde da categoria, a realização de concurso público imediato e a contração de 1.500 trabalhadores.
Os Correios ingressaram, no final da tarde desta quarta-feira (16), com ação de dissídio coletivo junto ao Tribunal Superior do Trabalho (TST). Com isso, a empresa retoma sua última proposta aos trabalhadores que propõem um reajuste de 6% nos salários, sendo 3% retroativos a agosto e 3% em janeiro de 2016, além de outros itens. A decisão ficará a cargo do TST.
“A empresa tomou a iniciativa [de ingressar com dissídio] devido à divisão dos trabalhadores em relação à proposta de acordo coletivo apresentada pelo vice-presidente do TST, ministro Ives Gandra, na última sexta-feira.

 - Como está se portando o sindicato, já que ele é ligado à CTB, que é base de sustentação do governo Dilma?

- A Direção do sindicato, que está ligada a CTB/PcdoB, não tem mobilizado os trabalhadores na maioria das unidades de trabalho. Só na minha unidade de trabalho que é o CDD São Gonçalo-RJ (onde fica lotado o carteiro e presidente da CTB-RJ, Ronaldo Leite), a diretoria prometeu que iriam realizar reunião setorial após a aprovação do estado de greve(25/8) e não cumpriram as promessas feitas. 
A maioria dos ecetistas vem se mobilizando e marcando encontro através das redes sociais, o que ajudou a aumentar as mobilizações dos trabalhadores da ECT em todo Brasil. Eu e a maioria dos trabalhadores não confiamos mais nas centrais sindicais governistas CTB/PCdoB e a Articulação Sindical/CUT, pois a gente teme que eles podem terminar com a greve a qualquer momento.

Como foi a participação dos carteiros na Marcha Nacional dos Trabalhadores, neste dia 18, em São Paulo?

 - Milhares de trabalhadoras e trabalhadores de todo o país marcharam contra o governo
15 mil pessoas participaram de marcha nacional contra o ajuste
fiscal, o governo Dilma e a oposição de direita
Dilma, o PSDB, Eduardo Cunha, Michel Temer, Renan Calheiros e o ajuste fiscal. 
A luta da categoria dos Correios também é contra o processo de privatização e suas consequências sentidas na pele por quem está no chão das unidades. Não é coincidência a decadência na qualidade do serviço prestado pelos Correios nos últimos 4 anos, pois trata-se do processo de privatização iniciado em 2011, a partir da aprovação da Lei 12490/11 (com os votos de parlamentares do PT e PCdoB), que modificou o seu estatuto. Esse projeto em curso, chamado pela direção da estatal de “Reestruturação” ou “Projeto Correios 2020” pretende transformar a estatal em diversas subsidiárias. A mais atual é a Correios Par, que já nasceu com capital aberto.
Como parte do processo de privatização, benefícios básicos da categoria são atacados como o Plano Correios Saúde. A partir da criação da Operadora Postal Saúde, que passa a administrar o plano, muitas clínicas se descredenciaram pelo seu acelerado sucateamento. Agora, a estatal quer negociar esse benefício para impor mensalidade (de 6% a 12,9% do salário bruto), restrição de acesso a dependentes (como pai e mãe) e aumento de compartilhamento.
Na atual proposta de acordo também não há nenhuma menção ao escandaloso rombo de mais de R$ 6 bilhões do fundo de pensão Postalis em que sabemos que a estatal quer dividir a conta com os trabalhadores. Também não há nenhum avanço no combate às opressões tanto racial como de mulheres, já que propõe manter as cláusulas do acordo passado.
Ao impor a política de corte de verbas e enxugamento das despesas públicas, o governo Dilma Rousseff do PT confisca parte da receita dos Correios para cumprir as metas de Superávit primário e o ajuste fiscal. Assim, aplica uma política semelhante à dos políticos da direita tradicional, como Alckmin, Beto Richa e FHC (PSDB), Maluf (PP), Eduardo Cunha e Renan Calheiros (PMDB). A culpa pelo mau momento que a empresa e o governo passam não é nossa, não podemos pagar por ele.
A CSP-Conlutas esta na linha de frente da greve. Mas também chama os trabalhadores a se mobilizar a partir dos seus locais de trabalho, estudo ou moradia para se unificar às demais categorias em luta para derrotar o governo. A luta por salário, contra a privatização e por direitos é uma luta de toda a classe trabalhadora e somente sua unidade pode trazer uma grande vitória.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Com a retirada das vans, serviço de ônibus piora em São Gonçalo

PSTU vai até ponto final de Alcântara e conversa com a população sobre como anda o serviço dos ônibus após a retirada das vans que circulavam na região.

por Roni Yuri e Rodrigo Barrenechea, da secretaria de comunicação do PSTU SG

  Os moradores de São Gonçalo sofrem diariamente para se locomover dentro da própria cidade. Não é de hoje que as empresas de ônibus que atuam na região prestam um péssimo serviço ao cidadão gonçalense: muita demora em várias linhas, veículos em mau estado de conservação, motoristas tendo que fazer a função de cobrador.

  Essa má prestação de serviço já vem incomodando os usuários há muito tempo. Mas, recentemente, com a proibição da circulação das vans, a insatisfação com o serviço de ônibus vem aumentando. Estivemos nesta terça (16) no ponto final de Alcântara para conversar com usuários. Ao chegar, a cena que vimos foi de pessoas esperavam para pegar os seus ônibus, todos em pé, ou na
chuva ou espremidos embaixo de marquises. Chama atenção a falta de estrutura em um ponto tão central da cidade. Aos poucos, fomos dialogando com as pessoas ao longo dos pontos. O sentimento geral é de piora no serviço.

- Para mim piorou. O ônibus que eu pego (de Santa Isabel para cá) demora muito para vir e só vem lotado. - desabafa uma vendedora ambulante que trabalha no ponto.

- Precisa ver isso aqui de tarde. A fila vai lá na esquina. - comenta um trabalhador de um comércio local.

- A regularidade dos ônibus continua a mesma... Não alterou nada. Acho que deveriam colocar mais, já que não tem mais van. Mas continua mesma coisa de sempre. - diz um usuário na fila.

- Fica pior também para o rodoviário. Os ônibus mais cheios, as viagens mais demoradas, os passageiros mais irritados... Nada disso é bom para a gente também não. - completa um despachante.

FALA DAYSE: "Não dá para deixar transporte público nas mãos dos empresários. Eles pensam em primeiro lugar no lucro, não no bem estar da população. Só um sistema de transporte realmente público, financiado pelo Estado e controlado pelos trabalhadores e usuários pode garantir mobilidade urbana barata e de qualidade para todos."

domingo, 24 de maio de 2015

Rodoviários: sindicato faz acordo rebaixado e provoca insatisfação na categoria


PSTU São Gonçalo

  8,2%. Esse é o reajuste que o Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac), em acordo com as empresas de ônibus aprovou para os trabalhadores e
Fotos: Rodrigo Barrenechea - ANotA
trabalhadoras do setor rodoviário. A decisão está provocando certo furor na categoria, que em sua maioria não concorda com a forma como a negociação foi conduzida.

  O PSTU São Gonçalo conversou com Baltazar*, um rodoviário de uma empresa de Niterói:

PSTU: 8,5% é um reajuste bem acima do que a maioria das categorias tem conquistado nesses últimos anos. Por que os rodoviários parecem estar tão insatisfeitos com esse índice?

Baltazar: É o seguinte, nos últimos cinco anos nosso reajuste foi de 10%. A categoria já estava meio que acostumada com isso. Pensavam que, na pior das hipóteses, 10% estavam garantidos. E, a depender das negociações, poderíamos conseguir um pouco mais. Além disso, esse ano nossos gastos aumentaram muito: água, luz, alimentação... tudo isso aumentou muito mais do que 8,5%. 

PSTU: No site do Sintronac diz que a proposta do sindicato era de 15% e os patrões apresentaram uma contraproposta de reajustar de acordo com o IPCA e essa proposta foi aprovada por ampla maioria. Como isso é possível, se existe essa indignação tão grande com a decisão?

Baltazar: Sinceramente, isso parece uma piada de mau gosto. A proposta foi aprovada por ampla maioria porque ninguém sabia dessa assembleia. Num teve nenhum panfleto, nenhum cartaz, nenhum carro de som na porta de nenhuma garagem anunciando. Pode perguntar a qualquer rodoviário em qualquer coletivo aí. Só foi "pau mandado" das empresas. Soube que a minha empresa mandou um ônibus, só com gente do administrativo, mandada pra votar na proposta da patronal.

PSTU: O presidente do sindicato fala que foi “um ato de maturidade dos rodoviários, que entenderam o momento grave que a economia do país está passando, com muita instabilidade e desemprego”. O que os rodoviários estão achando disso?

Baltazar: Eu não tinha ouvido ainda essa declaração. Não sei se rio ou se choro. É ridículo. A “instabilidade e o desemprego” de que ele fala não foi causada pelo trabalhador, mas pelos empresários. Foram eles que causaram a crise. Por que não mexe no lucro de Jacob Barata e do Zé do Boi? Na minha empresa a passagem, subiu de 3,00 para 3,30 (10%, mais que nosso salário). Quer dizer: a gente tá perdendo para eles continuarem ganhando. Maturidade coisa nenhuma. Essa declaração só mostra o quanto nosso sindicato está alinhado com os patrões.

PSTU: Você sente um clima de revolta no ar? É possível haver uma rebelião pela base contra o sindicato?

Baltazar: A galera tá muito braba. Tem um clima de indignação no ar. Mas na nossa
Ato ano passado mostrou que é possível construir uma
alternativa classista e de luta para os rodoviários
categoria a repressão é muito grande. Ano passado, alguns bravos companheiros que fizeram um movimento por fora do sindicato foram todos mapeados e demitidos. Além disso, nosso sindicato é traidor e não tem uma alternativa de oposição. Por enquanto o medo tá vencendo a indignação. A galera precisa se organizar pra ultrapassar essa barreira. A categoria é muito forte. Não pode ficar nesse imobilismo.

PSTU: Além do reajuste salarial, que outras questões os rodoviários gostariam que estivessem contempladas nas negociações?

Baltazar: Falo por mim. Na minha empresa não tem seguro de saúde e nem serve alimentação (são duas coisas que a diretoria tá prometendo desde que eu entrei lá). E tem a já histórica luta contra a dupla função (motorista que também faz papel de cobrador). Outra coisa: o pessoal da manutenção, limpeza e administração sequer é citado nas tabelas de piso salarial. Isso é um absurdo. Rodoviário não é só motorista, cobrador e despachante, não. Para fazer esses ônibus rodar tem muita gente por trás. Esses caras também são rodoviários. O sindicato tinha que olhar um pouco para eles também.

PSTU: Você falou da dupla função. Como está essa questão dentro das empresas?

Baltazar: Parece que não avança. Por mais que a sociedade repudie essa prática, parece que as empresas não estão nem aí. Na renovação de frota, continua vindo micrão. Tinha que proibir isso de vez. Se deixar pelo “bom senso” dos empresários estamos lascados, os profissionais e os usuários.

PSTU: Dia 29 de maio tem o Dia Nacional de Paralisação rumo à Greve Geral, que as centrais sindicais estão chamando em resposta aos ataques aos direitos dos trabalhadores. Como está esta convocação entre os rodoviários?

Baltazar: Eu vou! Vou dar meu jeito, mas vou! Mas, infelizmente, a categoria está ainda muito passiva nas mãos desse sindicato traidor. Acho difícil parar alguma coisa. É assim que eles fazem. A NCST adere formalmente à data, mas o Sindicato não mobiliza ninguém e nem para nada. Ficam bem na foto com o bandeirão da central no ato, mas mobilizar que é bom, nada. Afinal, tem que ficar bem na fita com os patrões também, não é?!

* Nome fictício

quinta-feira, 21 de maio de 2015

TERCEIRIZAÇÃO E PRECARIZAÇÃO NA UERJ-FFP EM SÃO GONÇALO


PSTU São Gonçalo

  Nesta terça (19), cerca de 300 pessoas entre estudantes, professores e funcionários técnico-administrativos da UERJ-FFP, em São Gonçalo, realizaram um ato em resposta ao avanço da precarização da Universidade. A UERJ de São Gonçalo, localizada no bairro do Paraíso, foi concebida para ser um polo de excelência na formação de professores. No entanto, as condições são muito deficitárias: as bolsas estudantis atrasam frequentemente, faltam professores para várias matérias, não existe restaurante universitário (bandejão) para alimentação dos alunos e funcionários e a acessibilidade para cadeirantes e pessoas com dificuldade de locomoção é péssima.

  Mas a situação alcançou um limite insuportável pelo atraso de mais de dois meses dos salários dos funcionários terceirizados que prestam serviços de limpeza e segurança patrimonial para UERJ. Ontem, a comunidade universitária da FFP se reuniu no hall do prédio e ocupou a Rua Francisco Portela, que dá acesso ao polo universitário, dialogando com a população e bradando palavras de ordem como: “Se o Pezão não me pagar, a UERJ vai parar!”, “Pezão, queria que você investisse em educação e esquecesse a UPP”, “A nossa luta unificou, é estudante junto com trabalhador”.

Manifestação na UERJ Maracanã paralisa os elevadores do Campus
  E não é só na FFP. A revolta toma conta da comunidade universitária também no campus do Maracanã, onde ocorreu um ato dia 13 em apoio aos terceirizados, há 2 meses sem salário. A UFRJ teve as atividades suspensas em várias unidades por causa da greve dos terceirizados, também com seus salários em atraso.

  É sintomático que no mesmo momento em que se debate no Congresso Nacional a aprovação da PL 4330 (que regulamenta a terceirização), estejamos vendo os problemas da terceirização na prática. Os mesmos governos Estadual e Federal que atrasam salários dos terceirizados e cortam verbas da educação, colocando as Universidades no caminho da ruína, não se envergonham de gastar bilhões nas obras Olímpicas, enchendo o bolso dos bancos e empreiteiras. Por isso, chamamos a todos a construir uma grande resistência a esses planos de ajuste fiscal que os governos estão aplicando para jogar o ônus da crise econômica nas costas dos trabalhadores. Precisamos unir todas as lutas que estão em curso no Dia Nacional de Paralisação e Manifestações!

Dia 29 de Maio é Dia Nacional de Paralisação e Manifestações:
- Pelo pagamento imediato dos terceirizados!
- Contra as MPs 664 e 665 e a PL 4330!

- Basta de Dilma, PT, PMDB, PSDB e desse Congresso!
Sobre as MP’s 664 e 665 e a PL 4330  leia mais em:

quinta-feira, 5 de março de 2015

Debate sobre a atual crise reúne operários do Comperj


por Rodrigo Barrenechea,
da Secretaria de Comunicação do PSTU São Gonçalo

 Na noite desta quarta-feira (04), o PSTU São Gonçalo realizou uma atividade para discutir a atual crise no Brasil e
seus reflexos na nossa região, em especial na obra do Comperj. Operários, funcionários públicos e professores estiveram presentes no debate, trazendo suas ideias e trocando impressões sobre como o capitalismo é o grande responsável pela atual onda de demissões no entorno da obra da Petrobrás.
 O debate foi aberto por Natália Russo, diretora do Sindipetro-Rio e da direção regional do PSTU. Ela apontou que, se há uma crise, ela atinge mais duramente a uns que a outros. Ou seja, quem vem sofrendo é a classe trabalhadora, com inflação, pobreza e desemprego. Os ricos, por sua parte, sempre encontram uma maneira de escapar à turbulência. Eles remetem seus recursos para bancos estrangeiros, se mudam de país ou mudam o nome de suas empresas para fugir de seus credores e dívidas.
 Há uma razão clara para isso: o sistema econômico em que vivemos, o capitalismo. Ele faz com que as riquezas produzidas pela maioria da população sejam principalmente aproveitadas por uma minoria, uma elite. Aos mais pobres, é apenas "permitida" sua sobrevivência. Ao contrário do que se pensa corriqueiramente, somente os trabalhadores é que produzem riqueza; os capitalistas, esses até podem dizer que "trabalham". Mas, na verdade, o que fazem é administrar sua riqueza. Como Natália afirmou, se pudéssemos estabelecer uma equivalência para o trabalho dos ricos, é como se eles "passassem o mês inteiro olhando para seus contra-cheques", já que é a classe trabalhadora é quem produz a riqueza expressa por esses "contra-cheques". Nesse sentido, a crise que atualmente vivemos - e que ainda pode piorar -, não é uma exceção, mas uma condição normal do capitalismo. Ele precisa de crises para poder criar "novas oportunidades" de se enriquecer às custas do trabalho dos mais pobres.
 Já "Gago", operário demitido do Comperj e também militante do PSTU-SG, falou sobre a atual situação de penúria que os trabalhadores da obra da Petrobrás estão passando. Esta realidade não é à toa: de quase 30 mil operários que o Comperj chegou a ter, em 2013, agora são pouco mais de 4.000 trabalhando na obra, em condições precárias e com seus empregos ameaçados. Gago, aqui, tentou desfazer um mito bastante difundido: a Petrobrás, onde passa, traz riqueza e desenvolvimento. Se  isso pode ter sido verdade em outro tempo, hoje não há nada mais falso.
 Itaboraí, a cidade do Comperj, é atualmente uma cidade-fantasma. Depois de viver uma alta generalizada nos preços dos terrenos e imóveis, hoje a região vive uma acentuada depressão. Pequenos restaurantes que viraram pousadas hoje estão abandonadas, já que as empreiteiras não pagam mais pela hospedagem de seus trabalhadores. Grandes empreendimentos comerciais encontram grandes dificuldades de vender suas lojas e salas comerciais. Por outro lado, as filas do SINE (Sistema Nacional de Empregos, do Ministério do Trabalho e Emprego) e do Restaurante Populas, essas não param de crescer. Mas há algo mais alarmante: a população de rua na cidade, que cresceu assustadoramente.
 Com as demissões, não apenas na Alumini (ex-ALUSA) mas em outros consórcios, como a Tubovias, e com as dívidas trabalhistas que essas empresas tem com seus trabalhadores e ex-empregados, os operários do Comperj e suas famílias não tem tido outra solução do que ir morar na rua. Muitos deles não são do Rio e não tem família por aqui que os ampare. A maioria espera, sem muita fé, que as empreiteiras paguem o que devem. E, enquanto isso, essa massa de abandonados mora nas ruas, sob as marquises, em frente às lojas que, alguma hora, esperavam tê-los como clientes. Itaboraí, devido à crise da obra do Comperj e à ganância das empreiteiras, é hoje uma cidade à beira da falência.
 Para nós, do PSTU, algo de urgente precisa ser feito. Não basta prender os corruptos e corruptores - algo que já é muito importante e coisa rara de ser vista. As empresas precisam ser punidas. A Petrobrás precisa assumir as dívidas das empresas com os trabalhadores. O governo precisa, urgentemente, estatizar as empreiteiras envolvidas na corrupção exposta pela Operação Lava-Jato. E esses trabalhadores, que vieram para cá na esperança de uma vida melhor, eles precisam ser ajudados. Seus empregos, garantidos; suas dívidas, pagas. Sua vida, reconstruída.
 Após o debate, que contou com perguntas e opiniões daqueles que estavam presentes, foi feita uma pequena confraternização, com caldo verde e refrigerantes. Mas, mais importante, foi feito um convite, que estendemos a você que está lendo este texto e ainda não milita em nosso partido: junte-se a nós! Filie-se ao PSTU. Mais ainda, seja um militante de nosso partido. Faça parte de nossa luta para construir um país e um mundo melhor, a luta pelo socialismo.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Convite para o debate: a crise econômica e seus efeitos na vida do trabalhador


   O PSTU - São Gonçalo e Itaboraí/RJ convida para o debate "A crise econômica e seus efeitos na vida do trabalhador".

   Falta água, falta luz, o governo dificulta a licença médica, o acesso ao salário desemprego, corta investimentos, deixa a educação e a saúde sem recursos. E quem paga a conta são os trabalhadores.

   Quem são os responsáveis por isso? Os trabalhadores, que produzem a riqueza, ou os ricos, que usufruem dela?

   Venha debater conosco sobre a atual situação, quais seriam as soluções, e como preparar uma resposta da classe trabalhadora.

   ONDE? Rua Waldemar José Ribeiro, Lote 107, Casa 8, Alcântara (rua atrás do mercado Extra, subida ao lado da clínica Confia, 1ª ladeira à direita, 7º degrau).

   QUANDO? Dia 04/03, às 19 horas.

   Clique aqui para o evento no facebook.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Edson Pimentel: "Uma empresa estatal de obras públicas seria a melhor solução"



por Rodrigo Barrenechea,
da secretaria de comunicação do PSTU São Gonçalo

 Nos últimos meses, diversas empresas que prestam serviços à Petrobrás e ao governo tem aparecido em escândalos de corrupção. As investigações da Operação Lava-Jato já levaram à prisão de diretores e ex-diretores da estatal, assim como de diversos executivos das principais empreiteiras do país. Recentemente, o governo Dilma optou por substituir parte da diretoria da estatal, incluindo sua presidente, Graça Foster, por Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil, um nome ligado ao "mercado financeiro" (leia-se aos banqueiros e fundos de investimento) e sem conhecimento na área de energia.
Fotos: RB
 Conversamos com Edson Pimentel, operário metalúrgico e ex-candidato a deputado estadual nas últimas eleições de 2014, sobre a crise na estatal, especialmente no que toca ao Comperj, obra da Petrobrás na vizinha Itaboraí. Os reflexos dos problemas por lá já vem afetando toda a economia da região, em especial agravando os problemas da classe trabalhadora local.

P: A obra do Comperj vive uma crise. Por que isto tem ocorrido junto numa época de investigação da corrupção na Petrobrás?
Edson Pimentel: Porque as empresas que foram denunciadas, que boa parte de seus dirigentes foram presos, são justamente aquelas que estão construindo para a Petrobrás, no Comperj. E, em função disso, surgiu a denúncia de que as licitações no complexo foram fraudulentas e as empresas acabaram parando a produção, ou não tendo dinheiro para pagar seus trabalhadores. Assim, as empresas começaram a demitir sem poder pagar e os trabalhadores estão parando a obra para reaver seus direitos, que estão sendo negados neste momento.

P: Quer dizer que há uma relação direta entre corrupção e demissões?
EP: Sim. Há uma relação direta. Isso porque as empresas
envolvidas na corrupção estão tendo suas obras paralisadas no Comperj, ou porque precisam ser refeitos os contratos ou trocar as empreiteiras. Precisam se refazer, trocar os nomes, limpar e, assim, dar uma aparência de legalidade. E quem paga o pato são os trabalhadores, que estão ficando sem receber seus direitos e tendo que se mobilizar para tentar garantir na justiça as suas quitações.

P: Qual é a melhor solução para garantir os empregos na obra?
EP: Nós achamos que para garantir os empregos e os direitos dos trabalhadores, seria importante que a Petrobrás parasse de fazer essas licitações - que estão sendo denunciadas como fraudulentas - e construísse uma empresa da Petrobrás, uma empresa de construção, e contratasse diretamente os trabalhadores. Uma empresa estatal de obras públicas seria a melhor solução.